"Por mares nunca dantes navegados..."
segunda-feira, novembro 29, 2004
 
Teoria #1
Sempre me pareceu que certas coisas ditas em Português tinham mais sentido e, desculpem agora a expressão, meant more.

Não tem a mesma força dizer shit ou merda, bitch ou puta e até fuck you ou vai-te foder.

Em Inglês, talvez porque estamos continuamente a ser bombardeados com estas mesmíssimas palavras, as coisas parecem menos graves, menos sérias, menos importantes, menos sentidas... Quando as escrevemos ou dizemos, lemos ou ouvimos, em Português, sabemos que vêm de onde importa.

Dizer a alguém miss you ou tenho saudades tuas não sabe ao mesmo. Assim como sussurrar I love you ou amo-te...

domingo, novembro 28, 2004
 
Walk Away
(Ben Harper)

Oh no
Here comes that sun again
That means another day
Without you my friend

And it hurts me
To look into the mirror at myself
And it hurts even more
To have to be with somebody else
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Walk away

With so many people
To love in my life
Why do I worry
About one

But you put the happy
In my ness
You put the good times
Into my fun
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Turn and head for the door

We've tried the goodbye
So many days
We walk in the same direction
So that we could never stray
They say if you love somebody
Than you have got to set them free
But I would rather be locked to you
Than live in this pain and misery

They say time will
Make all this go away
But it's time that has taken my tomorrows
And turned them into yesterdays
And once again that rising sun
Is droppin' on down
And once again you my friend
Are nowhere to be found
And it's so hard to do
And so easy to say
But sometimes
Sometimes you just have to walk away
Walk away
And head for the door
You just walk away
Walk away


 
Sozinhos... com o público
Estava a ver o DVD do Ben Harper... Walkaway... "You put the shinning in my sun"... Lá estava ele sozinho, só ele, o palco e cinquenta mil pessoas. É algo que sempre admirei nos artistas que o fazem. Alguns, como Caetano Veloso dão concertos inteiros assim, é lindo, é contagiante. Eu já assisti! Desta vez era o Ben e não estava lá ninguém, não estava o Nelson para corrigir a guitarra, o Leon para dar uns batuques, o rapazinho do Steal My Kisses (Beat Box Boy), só ele... E fá-lo sempre, porque aquelas músicas são especiais, são momentos fantásticos em que sentimos que ele toca só para o nosso grupo de amigos, ou mesmo só para nós...
terça-feira, novembro 23, 2004
 
Silêncio...
Está um silêncio na minha casa... Um silêncio daqueles que nos deixa ouvir a electricidade, sabem?
Sabe bem...

domingo, novembro 21, 2004
 
Mas...
Eu queixo-me, refilo incessantemente. Porque são retrógrados, porque são metediços, porque falam. Porque me obrigam a sorrir àqueles cumprimentos com manteiga. Porque são o exemplo acabado da população de aldeia.

Mas hoje o meu Pai faz anos. E sabe bem receber os "Parabéns!" na rua. E é tão simpático ter a casa cheia de bolos e doces, de licores e garrafas de vinho, de geleias e cadáveres de bichos caçados (!). Todos oferecidos com um sorriso... de amigo.

sexta-feira, novembro 19, 2004
 
O fim de um mito!!
Tenho ouvido nos últimos dias: "Eh muita louco!! Temos o recorde do mundo de Taxa de Alcoolémia"!! Desculpem-me os tugas convencidos de que somos os maiores mas é tudo FALSO!! SIM, FALSO!! Acontece que de facto a TA era alta, tanto que o senhor teve de ser submetido a análises ao sangue por não conseguir soprar no balão!! Contudo a Senhora Enferemeira esqueceu-se de um pormenor... É que não convém desinfectar o braço com álcool se é precisamente o valor dessa substância que pretendemos medir.

Para os mais curiosos, nesses casos usa-se iodopovidona, vulgo betadine!!

Caso resolvido!!

P.S.:Este post foi escrito num rasgo de net, é que a netcabo não anda feliz!!!

 
Payback's a bitch
Tempos houve em que este meu fim-de-mundo o era mais ainda.

Nesses tempos, não havia cá modernices de netcabos e muito menos de adsiéis.

A net era normalzinha, (muito) lentinha e extremamente instável; nunca ninguém ouviu tanto a piadola 'e magoaste-te?' depois de dizer humildemente 'caí', nunca ninguém levou dias para sacar três folhas de exercícios de uma cadeira da faculdade...

Ora nesses tempos, o querido Low Rider tinha a mania de gozar e divertir-se à custa da desgraça alheia... Mas hoje É A MINHA VEZ! Ahahah!

A viver ná cidadji grandji e sem net- serves you right!

sábado, novembro 13, 2004
 
Por falar em chocolate...
No sábado passado tive a day out with mums. Basicamente, é um dia só das duas - fazemos toneladas de compras, almoçamos e lanchamos nos nossos sítios preferidos, andamos sem pressas... E falamos, falamos muito...

Como é da praxe, almoçámos na Pastelaria Astro ali na Guerra Junqueiro (e passa a publicidade toda!), conhecida entre nós como a 'Bem Haja' - expressão com que os empregados se despedem invariavelmente.
Quando pagava a conta ao balcão, reparei numas embalagens familiares mas que não via há anos: umas barrinhas fininhas de chocolate com diversos aromas 'Regina'. Não resisti e comprei um de cada...!

Saí a sorrir e no momento em que desembrulhei o primeiro chocolate e senti o cheiro e o sabor deixei de ser a Elwen carregada de sacos e embrulhos a subir a Guerra Junqueiro e voltei a ser a Elwen pequenita, de totós, a correr jardim fora assim que soava uma certa buzina...

O meu avô Ju, sempre que chegava a casa, buzinava o carro parado à entrada. Enquanto a minha avó ainda subia o jardim para lhe abrir o portão, eu já estava a sair por ele para me empoleirar no banco do passageiro e receber o meu chocolate que ele trazia s e m p r e . . . Era um chocolate destes, um Regina.

Hoje, o carro (na realidade é uma carrinha enooorme) está há muito parado na garagem e segundo consta vai-me ser oferecido. E o avô Ju, provavelmente, nunca mais vai conduzir A Banheira (como eu e as minhas primas - as meninas - lhe chamamos), agora que se divide entre a cama, o sofá e a cadeira de rodas...

Comer aqueles chocolates, reencontrá-los, fez-me recordar momentos particularmente queridos e tocantes. Mas também me lembrou que o tempo não pára...

*beijos* nostálgicos (in a good way...)

 
Azul
Na barra lateral, fotos de pedaços de céu e de mar deste Mundo...

"Deus o perigo e o abismo ao Mar deu
Mas foi nele que espelhou o céu!"

 
Muito Chocolate! Ou não...
Ontem à noite fui a Óbidos à badalada Feira Internacional do Chocolate! Desiludiu-me... Já fui várias vezes à bela vila de Óbidos e ontem lá estavam as engraçadas ruas, o belo Castelo, com uma diferença: as barraquinhas para a venda das delícias de chocolate. Escuteiros, bombeiros, Sr.Abedónia, Dona Almerinda, todos têm a sua barraquinha, vendem ginja em copos de chocolates, maças cobertas de chocolate, chocolate quente, pão com chocolate, etc... Há variedade, há! Mas falta qualquer coisa... Falta animação, a organização peca em muito por isso! É uma óptima iniciativa que promove de uma forma fantástica Óbidos mas pode-se melhorar porque, sem qualquer dúvida, há muito mais para fazer!


Ficou a curiosidade satisfeita e uma óptima noite com os amigos, o que é sempre fantástico!!

Beijos e abraços!

 
Obrigada
Hoje recebi uma coisa especial: a confiança e a entrega de um amigo. Espero estar à altura!

[acho que depois divagarei sobre isto - a Amizade anda a pedir um post (at least)...]

quinta-feira, novembro 11, 2004
 
Break
Interrompi o estudo mais ou menos intensivo que me vejo obrigada a fazer de uma disciplina que eu cá sei para ver um documentário que passou hoje na RTP1 - A Vida Secreta Dos Lobos.
Não podia ter feito melhor! Deliciei-me...

domingo, novembro 07, 2004
 
O seguido e o seguidor
Li este texto há uns tempos numa revista do Expresso, acho fantástico. Espero que gostem. Aqui fica "O seguido e o seguidor" por Luís Fernando Veríssimo:

"Ideia para uma história. Um homem senta ao lado de outro homem num banco de parque. O outro começa a se levantar mas o primeiro o segura pelo braço e diz:
- Senta, senta. Vamos acabar com esta farsa. Eu sei que você está me seguindo.
O outro protesta:
- Eu? O senhor deve estar me confundindo com...
- Pare. Você pensou que eu não tinha notado? Todos estes anos?
- Não sei do que o senhor está falando.
- Quantos anos? Cinco? Seis?
O outro fica em silêncio. Depois diz:
- Mais.
- Dez?
- Mais.
- Quantos?
Novo silêncio. Finalmente:
- Não sei ao certo.
- Você não sabe há quantos anos vem me seguindo?
- Perdi a conta.
- E por que está me seguindo?
O silêncio desta vez é mais longo. Depois:
- Também não sei.
Os dois têm mais ou menos a mesma idade. Sessenta e poucos.
- Deixa eu ver se entendi - diz o seguido. - Você vem me seguindo há mais de 10 nos, mas não sabe porquê?
- Esqueci.
- Você foi ontratado para me seguir?
- Fui.
Pois então. Alguém está lhe pagando para me seguir. Quem é que lhe paga?
- Ninguém mais me paga. Nos últimos cinco, seis anos, tenho seguido o senhor por conta própria. Foi por isso que o senhor descobriu que estava sendo seguido. Eu não tenho mais dinheiro para comprar os disfarces que usava antes.
- Você é um detective?
- Era. Abandonei a agência de detective. Só o que eu faço agora é seguir o senhor o tempo todo.
- Porquê?
- Já disse que esqueci.
- Não. Por que você continuou a me seguir, por conta própria, mesmo depois de esquecer por que estava me seguindo?
- Não sei. Hábito. Era o que eu sabia fazer melhor. Ou...
- O quê?
- Talvez continue a segui-lo porque é a única maneira de descobrir por que eu estou lhe seguindo.
- Quem foi que o contratou?
- Nunca fiquei sabendo. O contrato foi feito com a agência.
- Minha mulher? Meu sócio?
- Não sei.
- Que tipo de coisas queriam saber a meu respeito?
- Tudo. Onde o senhor ia. Com quem se encontrava. Quando foi a Cancun...
- Você estava lá?
- Lembra do Manito? O do bigode e das...
- Era você?
- Bem mais moço. O senhor me deu muito trabalho quando começou a fazer jogging aqui no parque. Eu estava fora de forma, não conseguia acompanhá-lo. Ainda bem que teve aquela queda, e a fratura no joelho. Agora o senhor só caminha, e eu posso ficar aqui, sentado, vendo o senhor dar as suas voltas. Aliás, eu tive alguma coisa a ver com aquela queda. Lembra da velha com o cachorro numa correia?
- Era você?
- Era. Desculpe.
- E você fazia relatórios sobre a minha atividade?
- Diários. Ainda faço.
- Ainda faz?!
- Tenho cadernos cheios de relatórios. Toda a sua vida, em detalhes.
- Mas porquê?
- Porque a única coisa que eu faço na vida é seguir o senhor.
Porque preciso estudar minhas anotações e descobrir alguma coisa suspeita no seu comportamento. Para saber por que eu estou seguindo o senhor!
Não havia nada de suspeito ou reprovável no comportamento do seguido. Nenhuma razão para ele ser seguido. Ou havia? Ele era a pessoa indicada para acabar com as dúvidas do seguidor. Enganava a mulher? Enganava o sócio? O Fisco? Quem teria pedido para ele ser seguido o tempo todo? E por quê?
- Você pode me contar. Meus relatórios não servem para nada. Só eu leio.
O seguido se esforça para se lembrar de alguma coisa. O seguidor insiste.
- Ninguém vai ficar sabendo!
- Eu sei. Mas não consigo me lembrar de nada.
- Qualquer coisa. Não precisa ser um grande pecado. Traição da pátria, bestialismo, nada disso. Um deslize serve. Um casinho. Um vício. Qualquer coisa. Só para eu saber por que estou seguindo o senhor.
O outro sacode a cabeça. Bate com a palma das mãos nas coxas e começa a se levantar do banco.
- Desculpe, não posso ajudá-lo. Vou dar mais algumas voltas.
- Está bem, está bem - suspira o outro, desolado. - Eu estarei aqui...
- Talvez a gente possa tomar um café, depois.
- Tá bom. Mas não naquele bar que o senhor vai sempre. Já enjoei daquele."

sábado, novembro 06, 2004
 
Tic tac
É comum termos a sensação de que o tempo nos foge. Acontece tantas vezes vermos os ponteiros a correr mais rápido do que deviam - aquele exame que não temos tempo de acabar, aquele sítio onde tínhamos que estar às x horas mas que parece ficar cada vez mais longe e, principalmente, aqueles momentos que queríamos prolongar, onde queríamos ficar, permanecer... p a r a s e m p r e . . .

Muito mais raro é vermos o tempo a estender-se languidamente, isto quando estamos felizes porque quando estamos miseráveis o safado não tem vergonha em parecer eterno...!

Mas o que é, de facto, estranho é termos a sensação de que os minutos se estão a deixar passar devagarinho no momento em que o vivemos; é sempre uma coisa apercebida a posteriori esse passar vagaroso da areia na ampulheta...

Hoje tive essa sensação e, mais importante ainda, essa noção. Vi o momento a esticar-se numa perfeição que as palavras não conseguem explicar Não, words can't describe it.

*beijos* encantados



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