"Por mares nunca dantes navegados..."
sexta-feira, maio 28, 2004
 
This is what a 'feminist' writes like
Ia eu no Metro e, numa estação, entram dois rapazes que se sentam nas cadeiras defronte a mim... Tinha-me esquecido do Discman em casa e estava alegremente a ler, quando entre eles o diálogo começa. Não pude deixar de ouvir... Bahhhh!!!

Começaram por falar de um amigo comum que - e aqui trocavam olhares de aprovação, gestos de assentimento e sons de absoluta adulação -,nas suas palavras, "é que a sabia levar [à vida]". Afinal de contas, "aviava gajas" de uma maneira impressionante e não conseguia estar numa relação sem "dar umas voltas por fora". Este "gajo" era portanto o arquétipo do que todo o homem (com "H" pequenino pois, que não merece mais!) luso devia ser.
Finda a conversa sobre o tal amigo e ainda com uma wistful face começaram então a discorrer sobre a vida de outra pessoa, desta feita uma conhecida comum. E foi aqui que comecei a erguer cada vez mais alto o meu mui amado Inimigo Público para esconder não só o olhar de profunda consternação mas também o esgar de raiva. Esta rapariga era então uma grandessíssima puta (Confesso que tive um sério dilema sobre escrever ou não a palavra mas decidi-me pelo sim; afinal de contas, e ainda que este seja um blog family friendly, as criancinhas ouvem todos os dias coisas bem piores e - puritanismos, não obrigada!! Quem se sentir mal que ponha as pernocas para cima e tome uma bebida açucarada!). E era uma grande puta porquê? Ora bem, pelo que pude depreender, era-o porque 'gostava de se divertir', ou seja tinha mais ou menos o mesmo género de comportamento do tipo acima referido, com a benesse (digo eu) de não ter quaisquer relações sérias. Mas não era um tipo e aqui é que estava A Questão.

Não vou dizer que aprovo ou deixo de aprovar o comportamento dela. Confesso que a promiscuidade é uma coisa que me faz confusão - chamem-me antiquada - mas, de qualquer modo, simplesmente não me diz respeito. Já o dele não tenho qualquer problema em reprovar... O conceito de 'pular a cerca' é coisa que acho nojento. Mas nada disto me faz falar aqui agora. O que me faz falar é o conceito de profunda desigualdade entre Homens e Mulheres subjacente aos juízos proferidos pelos dois rapazes.

Os Homens 'sabem levá-la bem'; as Mulheres são putas. Os Homens estão nos cargos de chefia; as Mulheres esgalham muito para lá chegar e, quando os atingem, têm que provar o seu valor todos os dias (ouvindo muitas vezes bocas sobre promoções horizontais). Aos Homens, quando lhes dão prémios, falam do que fizeram pelo bem do Mundo; quando o fazem às Mulheres não se esquecem de mencionar que, apesar de tudo, conseguiram aliar o trabalho executado às tarefas inerentes de boa esposa e mãe - como se não merecessem o raio do prémio se não provassem ser, afinal, mulherzinhas; isto porque gente não casada ou sem filhos ou não-a-esposa-adorada-e-amada-perfeita não é digna de reconhecimento! Mulheres que só agora podem manter uma bolsa de doutoramento se engravidarem. Mulheres a quem só agora foi reconhecido o direito de voto. Mulheres a quem só agora foram reconhecidos os mesmos direitos que os dos Homens...
Todos os dias, por esse Mundo, há miúdas a serem mutiladas. Crianças-mulheres a serem queimadas com ácido porque cozinharam mal o jantar. Raparigas a serem mortas pelos próprios pais pela vergonha que trouxeram à família - não só conseguiram ser raptadas como permitiram mesmo que as violassem... Mulheres que estão presas há décadas para a sua própria protecção, escondidas de vinganças e limpezas da honra. Mulheres que são obrigadas a ver o Sol por detrás de um tecido e a quem são negados cuidados médicos porque não podem ser tocadas por Homens e às Mulheres não as deixam ser médicas. Meninas que não podem estudar porque são, justamente, meninas. Mulheres que sofrem porque, simplesmente, são Mulheres...

Muitas vezes acusam-me de ser Feminista.
Não concordo, por princípio, com extremismos. Não quero substituir os Homens por Mulheres. Não acho que as Mulheres devam queimar soutiens ou negar a sua feminilidade. Não acredito que as Mulheres sejam superiores... em nada. Mas se estar consciente do que se passa por aí e gritar todos os dias que está mal e que tem que ser mudado, se achar que a igualdade não passa de um conceito teórico ainda mas que pode ser uma realidade, se exigir que todas as meninas possam acordar um dia para o mesmo mundo de possibilidades que saúda os meninos quando estes abrem os olhos; bem, se achar isto tudo é ser Feminista, então não me importo nada de mandar fazer t-shirts... Eu cá acho que é só ser uma pessoa decente e ter dois dedos de testa mas ok...

*beijos*
 
Vida de míope...
Este é o primeiro post escrito fora de casa!! É uma estreia!!
Estou neste momento sentado no SCDEEC (sala de computadores do departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores) e está a decorrer uma aula de Electrónica II a que eu deveria assistir! Perguntam vocês porque não estou enfiado no anfiteatro?
(...compasso de espera para vos deixar perguntar...)
Pois bem... porque parti os meus óculos e sendo dia de consulta de oftalmologia não convém usar as lentes de contacto, logo não consigo ver o quadro, NADA! Ainda coloquei a hipótese de usar óculos escuros na aula mas penso que o professor não conseguiria para de rir e depois era uma maçada!!
Tudo isto me levou a relembrar quão difícil é a vida do míope. Conhecem a sensação de ver água no meio do deserto? Pois bem... O míope está permanentemente a tê-la: "Olha uma rapariga gira!!!! Ups... afinal era o Rodrigão!!", não chega a ser tão mau, mas...!!!!!
E depois há outra coisa! Eu quando não tenho óculos penso que não ouço bem (já o Markl dizia o mesmo!) não acontece convosco caros companheiros toupeiras? Parece que perdemos o sentido de orientação: "Ai disseste esquerda??? Pois...".

Bem... mais logo já ponho as lentes!! YESSS!!

Abraços!!
Beijinhos!!
Saudações!!

quarta-feira, maio 26, 2004
 
A experiência do Cinema
Em conversa com o LowRider sobre o Kill Bill Vol2 apercebi-me que o cinema já não é o que era. Há uns anos atrás (largos) o cinema era uma 'distracção' que se pode intitular de "pura". Movimentava paixões moderadas, não era 'uma razão de viver', nem um 'modo de vida', era antes uma diversão...como cultivar rosas. Simples, inocente, com poucas implicações. Escusado será dizer que à medida que foi sendo conhecido e divulgado, tornou-se um hábito e uma paixão desenfreada e sem controlo das multidões!

(No fundo aconteceu ao cinema o que aconteceu com o rock&roll)

A indústria cresceu ; o público aumentou ; o negócio do cinema foi crescendo e, consequentemente, tornando-se mais e mais evidente. Hoje em dia os filmes não são só a película, é todo um movimento de pessoas e de capital que se gera em torno de um dos hobbies mais difundidos nos países desenvolvidos e em vias de, como o nosso.

"A oferta anda de mãos dadas com a procura" e esta indústria é um exemplo desta afirmação. A prestação de serviços aumentou e o público habituou-se a ser alimentado regularmente. Gerou-se tanta oferta que passou a ser o público a mandar na indústria e, actualmente, as pessoas deixaram de se sujeitar às filas, dexaram de querer pagar bilhetes (cada vez mais caros) e, sobretudo, deixaram de querer dar-se ao trabalho de sair de casa. Para quê?! Afinal de contas, se o entretenimento vem ter a casa tão facilmente, não há razão que me obrigue a ir ter com ele. A indústria do cinema era a Montanha, que não se deixou ficar para trás — foi até ao Maomé! Desde DVD's graváveis — que, estranho, não podem ser usados para gravar filmes — a filmes em formato Divx pela internet, não há nada que falte para um serão agradável em casa — só mesmo as pipocas (hmmm... e a companhia!) !

Mas...se deixarmos de ir ao cinema, deixamos de vivenciar a "experiência do cinema"! Em lado algum se sente como numa sala especificamente construida para o efeito! O som nas potentes colunas, o ecrã tamanho gigante e até a partilha do filme com uma multidão anónima (e, é verdade, por vezes nada silenciosa)! É "cinema" com "C" grande!

Tenho a certeza que se não tivesse visto filmes como o Gladiador, o Matrix, o Magnolia e até o Virgens Suicidas no cinema antes de os (re)ver em casa, não teria as memórias que tenho dos filmes. Não é por acaso que quando passaram o Star Wars IV, V e VI no cinema fui a correr ver! São "experiências" no verdadeiro sentido da palavra!

E se não vos convenço a ir ao cinema em vez de sacarem da net o Divx do filme, deixem-me só que vos diga — é o cinema e o DVD/VHS que dão os lucros aos estúdios. Se ocorrer um êxodo, deixará de haver lucro. E os grandes filmes que povoam os cinemas actualmente passarão a ser um "luxo" dos estudios. Isto seria um pesadelo para todos os cinéfilos, como eu própria...


mocho

P.S. - Muchas gracias à elwen, também conhecida por "portable dictionary" (quão mais portable poderá um dicionário ser ?? ), pelas iluminações linguísticas eheheh
 
Tirania --- Stendhal
Uma citação sobre a tirania:

"O despotismo impressiona pela estupidez do estilo."
Stendhal

sexta-feira, maio 21, 2004
 
Reformas e reformas das reformas das reformas!
O meu vizinho veio-me pedir, aqui há uns dias, um livro de ciências do 8º ano. Lá fui buscar o do meu irmão (que anda dois anos à frente dele! Porque o meu nem pensar, o rapaz ainda acabava a estudar o sistema digestivo antes da descoberta do fígado!). Ele abriu o livro e disse: "isto não é o que eu dou:(". O programa tinha mudado. Não é disso que vos quero falar, é normal o programa ser alterado, o Mundo gira! Recordo-me bem de ter perguntado ao meu professor de História do 9º: "Não damos a Guerra do Golfo? Devíamos..."!!!

A questão que a frase do meu vizinho me fez recordar, e sobre a qual tanto se escreve e fala, foram as permanentes reformas escolares. Ainda no outro dia o Presidente da República referia que "os governos devem ser mais céleres a aplicar as suas reformas governativas na área da educação". De facto, o que se passa é que os governos são tão lentos a aplicar o seu projecto que quando as coisas começam a dar sinais de estarem efectivamente a funcionar estamos na altura da eleições e novo governo é formado. E assim a educação no nosso país não evoluí. Eu, talvez ingenuamente, pediria mais que o Dr.Jorge Sampaio. Não seria possível delinear um rumo comum? Desta forma a evolução (tão necessária!) seria muito menos dependente das ideias do partido no poder! Como conseguir "manter o barco no rumo" seria a questão a pensar... Criar uma espécie de grupo de trabalho composto por pessoas dos vários partidos com presença no parlamento, criar leis mais rígidas quanto ao poder do governo sofre as reformas... São ideias por onde se poderia começar a debater!


O importante é que a Educação se tornasse, de facto, uma paixão!!

Abraços!!
Beijinhos!!
Saudações!!
quarta-feira, maio 19, 2004
 
Votar... (votar?! eu?! o quê?! agora?! mas pa quê?!)
Há coisas que me irritam.

O facto de muita gente não votar é uma delas...

É frustrante ver como as pessoas dão pouca importância ao acto de votar, à responsabilidade que têm, perante si e a sociedade em que se inserem, de escolherem, em consciência, que tipo de país, de comunidade querem ter...

Dia 13 de Junho há eleições para o Parlamento Europeu.
Muita gente não vai votar porque simplesmente ainda não "encaixou" a importância da Europa. Muita gente não vai votar porque acha (estupidamente, tenham lá paciência!) que o seu voto não faz (a) diferença. E há ainda muita gente que não vai votar porque não acredita no sistema ou, simplesmente, porque tem mais que fazer... E é este mais que fazer que, acima de tudo, me ira profundamente.

Senão vejamos: é prática comum dizermos mal das coisas como estão, não há maneira de se lhe fugir; o povo é, por definição, queixinhas mas, aparentemente, prefere não fazer nada a meter-se ao barulho (poder dizer sempre mal dá mais jeito, claro!). Depois há ainda o facto de efectivamente podermos votar, porque, meus amigos, isto nem sempre foi assim - não muito longe vai o tempo em que não vivíamos em democracia, em que os mortos votavam, em que...
Honestamente não me parece que ir à praia, ficar em casa a ver um filme, fazer um fim-de-semana prolongado ou simplesmente ir ao café no dia ou hora em que supostamente se ia votar seja decente...
E também não me parece que seja prolongando o tempo em que os locais de voto vão estar abertos que se vá resolver muita coisa: não são os horários que têm que ser modificados mas as mentalidades...

Uma das coisas por que ansiava com a chegada aos 18 anos era o facto de poder votar... Toda a minha vida me lembro de discutir política com pais e avós e amigos. E toda a minha vida me lembro de acompanhar a minha avó materna na sua ida à boa da Junta de Freguesia para votar e de pensar naquele dever, naquela responsabilidade como uma coisa pela qual devemos ansiar... Posso parecer ridícula e até idiota. Mas é o que acho.

Temos o privilégio de podermos votar. E houve quem lutasse para que o tivéssemos. E que tal 'a malta' também ter um bocado de sentido de dever? Hein?

*beijos*
quinta-feira, maio 13, 2004
 
Ironia...
Andava eu a navegar por entre sites de citações quando me cruzo com uma frase que por várias vezes se cruzou comigo.
"A história absolver-me-á".
E o pior é que é verdade. E pior que isso é que provavelmente vou estar cá para assistir. Este homem ao longo da sua (re)evolução já censurou, torturou, separou e matou e tudo em nome do Bem do Povo, ou não será em nome dos seus charutos? E no fim, quando uma cadeira o resolver atirar para o chão exercendo a Ordem do Universo, vamos ver assistir a um desfile de homenagens por parte do povo que tanto sofreu, vamos assistir as choros "pela perda de um Pai" e muitos líderes mundiais a lamentar "a morte de um dos maiores filósofos do século XX". Não será demasiada hipocrisia junta? Será justo um homem que fez(faz) o que ele fez(faz) viver feliz e contente (à custa do turismo) à sombra deste prelúdio de esquecimento? Eu acho que não é justo...

Falo-vos, claro, de Fidel Castro.


 
PARABÉNS!!!! É O TEU DIA!!
Olá!!!

Hoje a Elwen é bébé!!!!

MUITOS PARABÉNS!!!!

BEIJOS BEM GRANDES!!!
segunda-feira, maio 10, 2004
 
Still nodding
Passei todo o fim-de-semana no Algarve a praticar a fine art de ser vela (ou central termoeléctrica, que a prática e a eficácia são muitas!!)...

Às 6 da manhã de Domingo, para mim ainda noite de Sábado, fui para a varanda olhar o céu e, ao fundo, a praia... Estava uma noite linda, cheirava a férias como só o Algarve cheira; sentia-me especialmente contente, não só porque estava com alguns dos meus dearests mas também porque a noite tinha sido particularmente agradável e animada [Toranja =)]. Ali sozinha, pus-me a pensar ... em muito ... e lembrei-me de uma coisa que, certa vez, ainda eu era pequenita, o meu Pai me disse:
Há mais estrelas no céu do que grãos de areia nas praias de todo o Mundo.
É uma citação de Carl Sagan mas, para mim, será sempre um segredo que o meu Pai me contou e que me deixou naquele dia de praia a olhar, surpreendida, para a areia que me escorregava das mãos e, nessa mesma noite, a olhar as estrelas abanando, in awe, a cabeça. E foi ainda a abanar a cabeça que me fui deitar...

*beijos*
sábado, maio 08, 2004
 
Li num livro que o Liechtenstein é o maior fabricante mundial de próteses dentárias e mangas para salsichas... Estranho...
sexta-feira, maio 07, 2004
 
As outras dimensões de Lisboa! Uma Estória!
(Sempre quis usar a palavra estória!YES!E hoje apetece-me relatar uma estória!! )
(O post é longo, mas quem quiser mesmo ler lê até ao fim e isso é que interessa!!)

Tenho pena de não ter a capaciade de outros escritores, como o nosso Eça de Queirós, para descrever o que vos gostaria de descrever, mas esforçar-me-ei!

Hoje entrei numa nova dimensão... Não sou pioneiro na família, já por outra vez o meu querido Pai viu-se entrado na Twilight Zone!Passou-se aqui há um par de anos. Teve de ir a uma repartição burocrática qualquer e qual o espanto dele quando começou a ouvir o barulho de várias máquinas de escrever "a dar a dar"! Diz que logo aí se sentiu em 1950. De um lado da porta o nosso mundo da Internet, dos computadores, dos Blogs, do outro lado o velhinho mundo das máquinas de escrever, do corrector, dos arquivadores gigantes! Lá resolveu continuar o seu caminho qual comandante na proa da sua Nau Catrineta! Passados uns segundos deparou-se com dois guichets com uma porta (aberta) entre eles, não existiam mais "clientes". No guichet da direita lá estava o primeiro "habitante" deste mundo pararelo, que lhe perguntou prontamente ao que vinha. Depois de explicado e, talvez, percebido que o nosso povo (pelo menos aquele senhor) era pacífico, o simpático "E.T." explicou que o meu Pai teria de passar a porta à sua esquerda de forma a ser atendido no segundo guichet, e assim o fez. Qual não foi o espanto quando no outro guichet (apenas uns centímetros ao lado) lhe apareceu o mesmo simpático empregado: "Agora sim, vou poder atênde-lo"! O corajoso pioneiro quase que exclamou um fantástico "UAU!", mas teve o cuidado de o guardar para si, não fosse o povo da fantástica dimensão achar que era um grito de Guerra!! Vocês reparem: não havia mais ninguém para ser atendido mas a mente metódica daquele individuo dizia-lhe, ordenava-lhe que as regras dos guichets deveriam ser devidamente cumpridas! (E não, os guichets não eram pre-destinados a nenhuma tarefa especial, eram iguais!). Bem, continuando, o meu Pai ainda com o barulho dos "tilts" das máquinas a soar na cabeça teve a ousadia de olhar para a sala de onde lhe parecia vir o barulho. E lá estavam cerca de cinco senhoras a bater alguns textos! E, maravilhem-se, ao canto um computador ligado completamente abandonado, como se fosse uma oferenda do povo do outro lado da porta, guardado religiosamente!! Depois dos assuntos tratados o nosso aventureiro saiu maravilhado e com vontade de contar ao mundo o que aprendera!!

E, seguindo os passos do meu Pai, qual Indiana Jones, (e é por isso que me lembrei de escrever) hoje foi a minha vez de me aventurar! Mal entrei na Clínica de Oftalmologia uma senhora já com os seus 60 anos com umas pernas inchadas pergunta: "É a primeira vez aqui, certo?", de facto não lhe deve escapar a cara de um Visitante! Lá dei os meus dados para a minha ficha de cliente, preenchida à mão porque mais uma vez não existiam computadores numa área de alguns metros (bastantes, por sinal!). Mas o que me fascinou foi a pergunta: "Que idade tem?" (escrita depois a vermelho na ficha) ao invés de: "Qual a sua data de nascimento?". Será que este novo povo pensa que a idade é como o nosso sexo, que é algo que não muda?(normalmente, claro!) Será que se aquela for a minha clínica nos próximos anos conservarei os 19 anos nos meus dados? É fantástico! Foi com estas perguntas que fui conduzido para a sala de espera pela senhora da entrada (parecia ser a única, para além dos médicos, por aqueles lados). Para engradecer ainda mais a minha visita a senhora mancava, o que lhe confere um estatuto de personagem de banda desenhada, que poderá ser alvo de uma caricatura! (lembrou-me a Madame Souza de Belleville Rendez Vous, para quem viu!). Sentei-me, então, na dita sala e ao meu lado estava um armário, muito trabalhado, envidraçado com pano rosa de veludo a tapar os vidros, que me transportou para uma agência funerária e me fez nascer uma curiosidade, o que estaria lá dentro? Com este "bichinho" a remoer por dentro olhei para a janela, não era uma janela normal, era uma janela que me garantiu que poderia voltar à minha dimensão, era uma janela de onde podia ver a movimentada Av. da República, era bom sabê-lo!!! Depos de ouvido o meu nome lá me dirigi ao gabinete do médico. Era escuro e triste. Tinha uma cadeira que condizia com o armário da sala de espera que também ajudava a essa tristeza inata àquela sala. Depois dos testes feitos saí e paguei. Mas uma frase alimentava a minha sede de aventura: "Marque outra consulta, numa das próximas semanas que preciso de vê-lo novamente!". E voltei a esta dimensão.

Abraços!!
Beijinhos!!
Saudações!!
terça-feira, maio 04, 2004
 
Cidade de Deus
Olá!!

Este post é especialmente dedicado a quem (AINDA!) não viu Cidade de Deus!! É um fantástico filme e também um dos meus preferidos!

A pedido de uma professora, o meu irmão teve de fazer uma pesquisa e posteriormente uma crítica sobre o filme, achei muito interessante o resultado, espero que vos agrade, aqui fica:

" “Indiscutivelmente um fenómeno”- a frase é uma das mais pronunciadas por esse Mundo fora e refere-se ao filme Cidade de Deus. Dirigido por Fernando Meireles e baseado no livro do escritor brasileiro Paulo Lins, o filme estreou, no Brasil, em Agosto de 2001, e foi visto por vários milhões de pessoas nas salas de cinema dos 5 continentes. Agradando a Gregos e Troianos foi apontado, por um dos maiores orgãos de comunicação a nível mundial (BBC) como o melhor filme do ano, e várias pessoas ousaram dizer enfaticamente: “Foi para isto que o cinema foi inventado”.

A ficção conta as histórias do dia-a-dia em Cidade de Deus, uma favela que surgiu nos anos 60 e rapidamente se transformou num dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, no começo dos anos 80.
Um dos pontos fortes e diferenciais da produção é que quase todos os factos e acontecimentos são vistos e analisados sob a óptica do narrador, o Buscapé.
Personagem principal do filme apresenta-se jovem, negro, inteligente, sonhador, assustado com a realidade do lugar onde vive e extremamente sensível, o personagem interpretado por Alexandre Rodrigues sofre diante da possibilidade de (por falta de oportunidades),ter o mesmo futuro que muitos dos seus amigos, vizinhos e adolescentes da favela: “virar” um bandido. E é justamente ele quem empresta um pouco de optimismo diante da retratada realidade de pobreza, violência e matança local.
Com muita força de vontade, Buscapé acaba trabalhando como fotógrafo profissional. Com isso, ganha uma espécie de liberdade e descobre que é um artista. Em paralelo, a ficção mostra também a trajectória de jovem Dadinho ou “Zé Pequeno” (actor Douglas Silva), o qual acaba por se tornar um traficante negociando, matando e procurando a totalidade das “bocas” (“reinos” de distribuição de droga) da favela tal como se verifica hoje em muitas favelas do Rio.
Desenrolando-se sobre estes alicerces o filme rejeita qualquer tipo de eufemismos, retratando a realidade do Rio de Janeiro, como nada nem ninguém conseguiu até hoje retratar. É esse com certeza o ponto máximo da película, mostrar ao espectador algo inédito e que este nunca observou (relativamente à “nossa” sociedade), recorrendo a uma produção impressionante.
Sem dúvida que outro ponto fulcral e a meu ver uma decisão dotada de inteligência foi a nomeação das personagens, o realizador deste filme procurou recrutar jovens anónimos na praça cinematográfica, para que não existisse a tentação de os relacionar com outras personagens que tivessem já interpretado, e assim entregar mais uma vez um realismo brutal ao filme.
Não será exagero afirmar que é difícil apontar defeitos a esta obra cinematográfica, poderíamos apenas referir a impossibilidade de alguma vez se retratar a realidade exacta das favelas.
Por tudo isto e muito mais Cidade de Deus é considerada uma obra prima a qual se sobrepõem a qualquer programa de televisão, discurso político ou mesmo tese sociológica sobre a fatalidade da pobreza e as causas da criminalidade os morros.
Resta-nos adjectivar Cidade de Deus como um filme belo, real, chocante, lúcido, impressionante, envolvente, multlipo, no fundo...perfeito!


EXU 04/05/2004
"

Abraços!
Beijinhos!
Saudações!


segunda-feira, maio 03, 2004
 
Segundíssimo Post ou "eye 2 (not 4) eye"
Hoje fui almoçar com uma Amiga...

Depois de ... ahem ... razoavelmente bem almoçados e aproveitando os lugares conseguidos no exterior da boa da Cantina Velha, a malta sacou das cartas para jogar, dos telemóveis para comparar fotos e, no nosso caso, dos óculos escuros...
Começa a converseta, a Amiga vira-se para mim e, imperiosamente, exige que tire os óculos da cara.
Porquê?! É simples: para ver os meus olhos enquanto falávamos...

Parece estranho, não parece? Ou, pelo menos, desusado e peculiar... Pois é...
Habituamo-nos à Internet, ao Messenger, aos sms's, aos mms's, de vez em quando lá fazemos um telefonema ou outro, mas a verdade é que, tal como a mesmíssima Amiga um sem número de vezes grita, ESTAMOS POUCO UNS COM OS OUTROS. Sim, vamos a uma discoteca, "pegamos" um cinema, mas é isso estar??... Eu prefiro, invariavelmente, um bar e até - pasme-se! - um carro a uma discoteca; prefiro, obviamente, um almoço ou um lanche a uma noite de conversa com o vazio cibernético a separar-me de quem está do lado de lá...
Agora, também não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que podemos ter as coisas como as queremos: não, não é possível passar a vida em esplanadas e jardins; é impraticável organizar jantares em casa sempre que nos apetece; os horários não se encaixam, as gentes têm sempre que fazer e, muito francamente, dá menos trabalho ficar no nosso canto, verdade? (eu por mim falo...)
E também a net não é o bicho papão que se apregoa - se é verdade que aliena as pessoas, também é muito mais verdade que dá espaço para estar junto e caminhar a quem de outro modo não o poderia fazer (ou fá-lo-ia menos...), que torna mais humanos aqueles que a utilizam para firmar e reafirmar aquilo que os aproxima...

Mas este não é um post sobre a realidade da Internet ou sequer os hábitos sociais das gentes de hoje...
É um post sobre alguém que levou um estalo na cara quando outro alguém lhe lembrou a importância de nos olharmos. Olhos nos olhos. E que ficou a sorrir o resto do dia...

*beijos*
 
Liberdade Marco Aurélio
"Mudar de opinião e seguir quem te corrige é também o comportamento do homem livre."
Marco Aurélio, Imperador Romano.

Algo muitas vezes esquecido...

Saudações!!
sábado, maio 01, 2004
 
Primeiríssimo Post
Olá gentes!!

E cá estou eu, a nova adição do blog...

Assim assim, de repente, começo com uma citação.

Fernando Pessoa, primeiro verso d'O Infante: "Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce."

Pode ser por demais ouvido, usado e repetido mas - admitam! - soa bem..., e soa "certo"...

*beijos*

P.S.1: "Homem" é, obviamente, sinónimo de Humanidade. (é sempre bom repetir...)

P.S.2: Obrigada pelo convite, caríssimos fundadores! Will try (vvvery hard) to live up to it!! eheh =)

 
União Europeia!! SOMOS 25!!
Olá pessoal!!

Somos Portugueses, somos Europeus e agora somos 25!!
Sobre este alargamento podemos escolher vários ângulos de abordagem, podemos falar do reajustamento do número de deputados no parlamento, podemos falar no aumento da competição a nível económico, podemos falar do facto dos recursos terem agora novos dez países por onde podem ser divididos, ou então podemos ser mais optimistas, dar as boas vindas aos novos companheiros e falar deste dia, na minha opinião histórico!!

Depois do nascimento do € faz-se mais uma vez história!! E é tão bom ver-se escrever História...

Eu tento colocar-me no lugar daqueles novos cidadãos europeus, tantos anos oprimidos pelos "filósofos" soviéticos Estaline, Brejnev e companhia e que, qual Portugal de há cerca de 20 anos atrás, entram agora para esta verdadeira comunidade, esta União em que eu Acredito!! Uma União que lute verdadeiramente pelos Direitos Humanos, pela Democracia, por um Mundo melhor!

Sim, porque é disto que estou a falar quando falo num dia histórico, falo-vos do verdadeiro fim da Cortina de Ferro, do verdadeiro fim do fantasma do Muro de Berlim (Caído há 15 anos!!) que dividia uma Europa em dois, como se existisem dois continentes diferentes e separados por mar!

Por tudo isto digo:
Parabéns Chipre (ou parte dele =( ), Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa!!
Sejam bem-vindos à União Europeia!!


Abraços!!
Beijinhos!!
Saudações!!


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